Hoje ao olhar sobre a mesa e ver o Livro 50 Maratonas em 50 dias do Dean Karnazes, me veio a mente um trecho deste livro que sob meu entender expressa bem o sentimento dos “Ultra Guerreiros da Resistência”, seja por qual modalidade esportiva for.
Neste trecho é citada a estátua The Awakening - O Despertar, e no texto ele expressa com profundo Saber o que se passa no âmago do atleta, reproduzo então a seguir um pequeno trecho que espero refletir um pouco dos nossos valores:
"A estátua é composta de cinco blocos separados enterrados no solo, dando a impressão de um gigante amedrontado que tenta sair da terra para a superfície. A mão esquerda e o pé direito são muito pouco projetados, a perna esquerda dobrada e o joelho sobressaem no ar. Os gigantesco braço direito e mão se estiram em direção ao céu, ao mesmo tempo que o rosto barbado, a boca escancarada e uivando em aparente agonia se agitam violentamente para desenterrar a criatura sepulcral.
Despertares são sempre apavorantes, uma vez que nos forçam a perceber que nosso passado viveu em confinamento. A parte mais perturbadora é quando reconhecemos que as algemas que nos seguram são, em grande parte, as que pusemos em nós mesmos. Nós mesmos construímos nossa prisão. “Estamos todos vivendo em gaiolas com as portas escancaradas”, disse uma vez George Lucas.
É muito fácil viver uma vida determinados por outros, incorrer no lodo da conformidade ao seguir um caminho que a sociedade pôs diante de você, em vez de prestar atenção ao próprio e único chamado. Conforto, vaidade, rotina, o caminho da menor resistência, o caminho fácil- essas são a destruição da humanidade. É um momento inquietante quando se desperta para perceber que as armadilhas das convenções criaram uma vida totalmente diferente da que se deseja viver.
Essa figura gigantesca parece em guerra com o maior adversário: ela mesma. Parece estar lutando a decisão de seguir o que está em seu coração, resistir à convenção e buscar um percurso alternativo, uma estrada menos movimentada. A careta no rosto da figura resulta da consciência de que o passado pode ter sido uma existência entorpecida, e que precisará de muita coragem e convicção no futuro para não afundar na sepultura da conformidade. Haverá incontáveis batalhas travadas no interior de si mesma; guerras que testarão cada fibra de persistência e comprometimento. Não obstante, há um indício de orgulho no rosto contorcido, talvez porque ela também saiba que se seguir a paixão com intensidade sincera, caso se dedique sem reservas ao próprio objetivo, perseverará e, no final de tudo, encontrará satisfação, não importa para onde a vida a conduzir.
Todos temos sonhos e ambições, embora poucos algum dia se tornem tudo que poderiam ser. Lutamos uma guerra silenciosa contra o objetivo, contra alcançar nosso destino mais distante. Hoje os expectadores quando nos observam passar, podem ter visto apenas o ato de correr, mas, como qualquer um no percurso poderia contar, havia um forte e complexo conflito se desenrolando ao longo do caminho. William James disse:”A guerra é, em resumo, uma obrigação humana permanente.” O corredor luta nessa guerra contra o mais cruel dos inimigos: ele mesmo.
E, como qualquer guerra, essa chega com infelicidade e sofrimento. Diz-se que a guerra é o inferno, e essa maratona não passa de uma guerra, uma batalha imensa para continuar indo em frente, para ficar no percurso em face da dor inimaginável, O Maratonista exige mais de si mesmo do que o razoável. Ele comanda o Corpo e a Mente para fazer o impensável, para resistir às adversidades inconcebíveis, tudo em nome de cumprir algo que considera Nobre e Compensador."
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